Guxtaw Uyräsu

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terça-feira, 18 de maio de 2021

Karaí, o pássaro de fogo

 

Karaí é a primogênita de Jakairá e Arasema. Seu pai lhe deu o poder sobre as chamas e através dela, Karaí pode se comunicar com qualquer pessoa pelo mundo. Ela costuma aparecer na forma de uma árvore lendária chamada Wbiraijá cujas folhas são labaredas que não consomem os galhos. Karaí tem a função de conectar telepaticamente as quatro deidades e permite que essas falem através dela. Com isso, Mair já se apresentou a muitos escolhidos (tendo Karaí como interlocutora) na forma desse arbusto incandescente.
Quando os pajés queriam conversar diretamente com um dos quatro deuse, eles recorriam ao auxílio de Jataí através das fogueiras. Claro, fazendo uso de músicas, bebidas e outras substâncias alucinógenas.
De uma forma prática, Karaí era uma espécie de Internet wi-fi para os antigos.
Karaí também gosta de se materializar em um surucuá incandescente. Esse, recebeu a alcunha de Tataguyrá (pássaro de fogo).
Como interlocutora e mensageira, sua morada é entre as quatro deidades. Em alguns dialetos, por conta da influência do cristianismo dos jesuítas, a palavra Karaí passou a significar o Espírito Santo e se tornou, no imaginário indígena cristão, parte da trindade divina juntamente com Tupan (fundido com a essência de Mair) sendo Deus e Yamandu sendo Jesus Cristo. O fato de estar exatamente entre os dois colaborou para a assimilação dessa ideia.
Karaí também passou a significar o adjetivo ‘santo’ e o substantivo ‘santidade’. E dela também surgiu o derivado Karaíba para se referir aos homens europeus.

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