Guxtaw Uyräsu

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quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Trevo-de-quatro-folhas

Você conhece a superstição do trevo e sua origem?

À princípio, o nome trevo é variação de 'Trefo' ou ‘Trifo’ que já era uma adaptação resumida da palavra trifolium ("três folhas") do Latim.

Há diversas espécies dessa família de plantas no mundo, mas antes do período das navegações a única espécie conhecida era a das ilhas britânicas, que em geral possui apenas três folhas. Essa espécie já era muito difícil de encontrar na natureza e quando encontrada, era transformada em amuleto. Atribuíam a esse amuleto o poder de atrair energias positivas para três fatores da vida, um para cada folha: Saúde, Esperança e Amor.

Se o trevo normal já era difícil de ser encontrado, sua variação genética, a de quatro folhas, era extremamente rara. Por conta dessa raridade, foi-lhe atribuído uma força mágica mais poderosa além do fato da quarta folha representar a SORTE (no sentido de atrair as coisas boas e afastar as coisas ruins). Além disso, o quatro era tido como um número cabalístico: são quatro as estações do ano, os pontos cardeais, os elementos alquímicos da perspectiva ocidental (água, ar, fogo e terra) e as fases da Lua.

Com isso, o trevo-de-quatro-folhas era como talismã para druidas, antigos sacerdotes celtas, ainda no primeiro milênio a.C na chamada “Tír na nÓg” (Terra da juventude), atualmente as ilhas britânicas. Quem tivesse uma dessas plantinhas conseguiria enxergar demônios na floresta e, assim, escapar deles.

É interessante ressaltar que, após a cristianização das crenças britânicas celtas (além de muitas outras no mundo) mudou um pouco a forma como se via os sentidos do trevo de quatro folhas onde a atribuição da saúde foi trocada pela Fé e com isso ficou: Fé, Esperança, Amor e Sorte.

A confusão em cima do trevo se deu na atualidade depois que muitas outras espécies de trevos foram descobertas pela ciência. Há espécies que já possuem 4 folhas por natureza sendo sua variante com cinco folhas e também espécies que possuem cinco folhas normalmente. Os conhecimentos e tratos botânicos também colaboraram para a multiplicação desses indivíduos no ramo da jardinagem e a variante genética (4 folhas) da espécie britânica foi replicada, pois tinha valor comercial alto resultante da fé local.

Com essa ajuda, os trevos puderam alcançar números que jamais atingiriam se ainda dependessem das condições naturais.

Por conta dos novos entendimentos em cima desse grupo de plantas, o nome trevo passou a ser visto como algo defasado, ultrapassado e autocontraditório. Pois foca apenas os exemplares de 3 folhas. Entretanto, nenhum outro nome foi ofertado para designá-las, então o nome atual permanece.

 

Para mais informações sobre o assunto, segue um link na Wikipedia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Trevo-de-quatro-folhas

terça-feira, 18 de maio de 2021

Macavi, o guerreiro forte como Hércules e Sansão

 

Macavi / Makavi é um herói mítico do qual não tenho muitas informações além daquilo que ouvi em histórias dos mais velhos. Relatos sobre ele se encontram em breves referências dentro de outras lendas contando sobre um guerreiro valente que havia ganhado força imensurável de uma divindade (Tupan? Mair? Yamandu?). Com isso, Makavi, dentro dos mitos é tipo o Hércules dos índios antigos. Não encontrei histórias específicas sobre ele. Desconheço sua origem, sua vida, seus feitos e seu fim. Tanto que não pude adicioná-lo na minha compilação mitológica a qual será publicada em livro em breve. Mesmo assim, eu não poderia deixar de apresentar essa figura que para a cultura indígena é equivalente a Hércules e Sansão.
Provavelmente, sua história está enterrada junto com os tabajaras exterminados durante o período de conflitos na Serra da Ibiapaba. É nessa região e proximidades que os poucos e últimos relatos sobre ele eram relembrados por idosos que ouviram de seus pais e avós.
Caso você que está lendo esse post tenha alguma informação, seja um breve relato ou até mesmo conhecimento dessa história, por favor comente. Será de grande ajuda. Pois esse personagem precisa ser relembrando pelas nossas narrativas.

Karaí, o pássaro de fogo

 

Karaí é a primogênita de Jakairá e Arasema. Seu pai lhe deu o poder sobre as chamas e através dela, Karaí pode se comunicar com qualquer pessoa pelo mundo. Ela costuma aparecer na forma de uma árvore lendária chamada Wbiraijá cujas folhas são labaredas que não consomem os galhos. Karaí tem a função de conectar telepaticamente as quatro deidades e permite que essas falem através dela. Com isso, Mair já se apresentou a muitos escolhidos (tendo Karaí como interlocutora) na forma desse arbusto incandescente.
Quando os pajés queriam conversar diretamente com um dos quatro deuse, eles recorriam ao auxílio de Jataí através das fogueiras. Claro, fazendo uso de músicas, bebidas e outras substâncias alucinógenas.
De uma forma prática, Karaí era uma espécie de Internet wi-fi para os antigos.
Karaí também gosta de se materializar em um surucuá incandescente. Esse, recebeu a alcunha de Tataguyrá (pássaro de fogo).
Como interlocutora e mensageira, sua morada é entre as quatro deidades. Em alguns dialetos, por conta da influência do cristianismo dos jesuítas, a palavra Karaí passou a significar o Espírito Santo e se tornou, no imaginário indígena cristão, parte da trindade divina juntamente com Tupan (fundido com a essência de Mair) sendo Deus e Yamandu sendo Jesus Cristo. O fato de estar exatamente entre os dois colaborou para a assimilação dessa ideia.
Karaí também passou a significar o adjetivo ‘santo’ e o substantivo ‘santidade’. E dela também surgiu o derivado Karaíba para se referir aos homens europeus.

Mair, o Deus Norte governante do inverno e equivalente indígena do Deus cristão

 

Mair é o verdadeiro ser Criador na mitologia tupi. Ele surgiu de si mesmo a partir de uma matéria espiritual desconhecida chamada jasuka (jaçuca). Após criar consciência, ele criou o mundo em sete tempos e depois foi dormir usando o oceano como seu lençol. Apenas ali ele encontrava o escuro necessário para seu sono pois o mundo era dominado pela luz. Foi dos seus pesadelos que nasceram o demônio Jurupari e depois a escuridão. Essa havia sido selada em um coco de tucumã por Yamandu e liberada tempos mais tarde por acidente. O sincretismo criado pelos jesuítas fundiu Mair a Tupan e o nome Mair se perdeu no tempo para a maioria dos povos. Como um só, receberam o título de Jandejara (Nosso Senhor) que também era usado para se referir a Yamandu. Pois agora, essas deidades passaram a representar a trindade Cristã (Pai-Filho-Espírito Santo) sendo esse último representado por Karaí, à qual falaremos numa postagem futura.
Mair mora no norte e controla o inverno (de meia noite entre 20 e 21 de junho até meia noite entre 22 e 23 de setembro).
Sobre seu regente, há duas versões diferentes. Sabe-se que é um Jaboti que vagueia pelo mundo e seu nome é Nyará/Nhará. Na primeira versão, Mair é o próprio Jaboti numa forma física.


Na segunda, Nyará era um índio muito idoso que se sacrificou em tempos de seca para garantir alimento ao seu povo. Com seu enterro, seu corpo fora enterrado e brotou como uma grande plantação de milho. Mair transformou parte dele no jaboti.
A cor símbolo de Mair é o Preto.

Yamandu, o Deus Sul governante do verão e representação indígena de Jesus Cristo

Yamandu é o que poderíamos chamar de versão tupi-guarani de Jesus Cristo. Ele nasceu de uma parte do próprio Criador sendo com ele um só, mas em outro corpo. Yamandu é o espírito da luz e sua cor símbolo depende da versão contada podendo ser o amarelo, o vermelho ou o laranja. Ele é o maior inimigo de Jurupari, o espírito (demônio) da morte. Por muitas vezes, formou aliança com Anyangá (o espírito da vida e do equilíbrio) para vencerem os planos estratégicos e maquiavélicos do espírito mal.

Seu fiel servo era Xandoré, um homem que se transformava no gavião uiraçu/harpia/gavião-real. Ele fora morto durante uma luta contra Jurupari e Yamandu o fez renascer como outra ave, uma Atinguaçu/Alma-de-gato e passou a se chamar Peurê. Deu a ele a responsabilidade de reger o verão (de meia noite entre 20 e 21 de dezembro até meia noite entre 20 e 21 de março) e representa-lo aqui no mundo físico. Yamandu vigia o mundo olhando através dos olhos de Peurê que por ser menor e mais ágil que antes enquanto gavião, agora pode se infiltrar entre galhos espinhosos em busca de demônios disfarçados de insetos.
Com o selamento da conexão com a dimensão espiritual, Yamandu se tornou o Sul.



 

Jakairá, o Deus Oeste governante da primavera

Jakairá é com certeza a deidade mais esquecida e ignorada depois que a influência jesuíta ganhou força. Pois suas funções não eram úteis para assimilação e evangelização dos indígenas. Jakairá foi o espírito original do fogo além dos seus poderes principais que são a fumaça e a neblina. Ele é a contraparte de Tupã sendo o governante do Oeste e da Primavera. Sua cor símbolo é o branco.
Jakairá também tinha uma esposa, Arasema (aurora vespertina) irmã de Arasy, esposa de Tupan. Juntos tiveram quatro filhos:
Karaí - foi a primogênita e recebeu do pai a responsabilidade pelo poder das chamas. Falaremos sobre ela numa postagem só dela.
Taúba – O que matou o primo Angatupyry pelo amor da jovem Kerana e foi amaldiçoado pela tia Arasy e com isso, seus sete filhos nasceram deformados.
Jyryva – A bela moça que recebeu do pai o poder de conter as chuvas para evitar outro dilúvio. Gosta de se pintar com todas as cores e hoje é conhecida pelo nome de Arco-íris.
Mutin é o mais novo e recebeu do pai a responsabilidade de reger a primavera (De meia noite entre e 22 e 23 de setembro até meia noite entre 20 e 21 de dezembro). Ele gosta de tomar a forma de uma onça suçuarana branca e muitas lendas são contadas sobre ele com a alcunha de espírito da neblina. Tal qual sua prima Katu, ele é o representante do pai aqui no mundo físico uma vez que as quatro deidades bloquearam a conexão com o mundo divino.



 

Tupã, o Deus Leste governante do outono

 

Vamos voltar a falar de Tupan/Tupã porque é necessário para uma maior compressão das 4 deidades supremas. São eles os quatro pontos carteais que são tanto as moradas dessas quatro divindades como eles próprios. O leste é Tupan. Deidade das tempestades e dos raios. Governa o outono (de meia noite entre 20 e 21 de março à meia noite entre 20 e 21 de junho). Tupan é casado com Arasy (aurora matinal) e com ela teve vários filhos. A exemplo, temos Amanasy que distribui as chuvas do pai pelo mundo e Amanarypyaka é responsável pelo granizo. Outros fihos de Tupan e Arasy foi Sumé, o sábio e Angatupyry, o belo jovem que fora morto por Taúba quando tentou salvar a bela Kerana. Motivo que fez Tupan castigar o mundo com o dilúvio com a dor de suas lágrimas. Entretanto, a filha mais emblemática dele é ‘Katu’. Ela é a regente do outono que no idioma se chama Katuaraé - tempo do ‘bom’ (fartura). Ela gosta de tomar a forma de uma iguana e é representante física de Tupan aqui na Terra, uma vez que ele e as outras quatro deidades se reservaram a viver na dimensão espiritual depois que selaram a conexão com o mundo físico usando a cruz de madeira. Para quem não sabe, a cruz além de um símbolo cristão, era para os índios e outros povos antigos (ditos pagãos) um símbolo de selagem, bloqueio usado para fechar passagens como uma barreira.


Em tupi e Guarani não há uma palavra para DEUSES. Mas as quatro deidades recebem um título que vivia a ser equivalente dessa palavra da língua portuguesa que é Janderu (em tupi) ou Nhanderu (guarani) que significa NOSSO PAI. Os quatro são ‘Janderu’.
É importante enfatizar que muitas lendas sobre Tupan foram alteradas ao ponto de fundi-lo com Mair que é o verdadeiro Criador. A intensão era resumir as deidades tanto para adequá-las à crença judaico-cristã como facilitar a catequese dos descendentes aculturados. O resultado é que hoje Tupan é tido por muitos povos como sendo o próprio Deus cristão.
Cada uma das deidades tem uma cor símbolo e a cor de Tupã é o Azul. Verde em algumas versões porque no tupi antigo, só havia uma palavra para designar as duas cores: Obi – Verde, azul.

Caipora - É menino ou menina?!

 

Kaipora é um título dado a essa criatura ou entidade defensora dos animais que pode perseguir e matar caçadores mal intencionados. Não se sabe qual o verdadeiro sexo dele/dela mas ao que tudo indica é feminino. Não pelo tamanho dos seus cabelos, mas pela ausência do órgão genital gigante que deveria ter sido herdado do pai, o Kurupira.
Relatos espelhados em mitos indicam que Kaipora é o fruto de um estupro cometido por um Kurupira a alguma mulher. Ou seja, é um ser híbrido. Do pai, Kaipora herdou os pés virados para trás. Não ficou com o corpo coberto te pelos como o Kurupira, mas tinha os cabelos vermelhos tal qual a cor da pelagem do genitor. Em caso de ser um ser macho, é provável que não tenha herdado o órgão gigante. Porém, o fato de não ter essa parte destacada e o corpo limpo de pelos podem quase garantir que Kaipora é uma garota.
Por conta dos pés virados para trás, Kaipora precisa da ajuda de um porco do mato (um caititu ou um queixada) para lhe servir de montaria e assim se mover mais rápido.
Não se sabe o verdadeiro nome do/da Kaipora, pois esse termo é variação de kaapora que significa “silvícola”, “morador do mato”. Termo pelo qual os povo tupis se intitulam em vez da palavra ‘índio’ usada pelos falantes do português. A visão dos caipora (índios) no período colonial era negativa e qualquer criatura humanoide perigosa e desconhecida que aparecesse nas matar recebia esse título. Daí o motivo do nome de Kaipora.
Em breve, uma postagem reveladora sobre a verdadeira face do Kurupira, aquilo que a cultura da vergonha puritana decidiu omitir mas que os indígenas relatam sem medo.

Curupira e a verdade sobre ele que esconderam de você

 

🔞Prepara porque a história agora é Pesada!🔞
Quando você andar por alguma floresta densa, mantenha-se sempre alerta ou pode ter uma surpresa muito desagradável.
No imaginário popular urbano, ele é uma criatura mágica e benevolente. Um tipo de fada-troll protetor das florestas. Já para os povos indígenas, ele é visto como um monstro sádico e abusador. Com isso temos o Curupira dos homens da cidade e os Kurupira dos índios. Ambos são na verdade a mesma coisa contadas de formas diferentes.
Curupira no imaginário do 'homem branco', tem poderes sobre o fogo além de habilidades mágicas. Protege os animais dos caçadores e a floresta dos madeireiros.
Já Kurupira é, ou melhor, são criaturas más (do ponto de vista humano) por natureza. Pois não há só um e sim vários espalhados pelo Brasil. Da Amazônia peruana até a mata de cocais maranhense e da fronteira com a Venezuela até a mata paulista.
Os Kurupira são frutos dos estupros praticados por Kurupi, um dos sete monstros filhos de Kerana com Taúba.
Assim como ele, alguns dos seus filhos também tinham a estatura anã conforme relatos do Brasil Central. Os da Amazônia são corpulentos, Os do Maranhão são bem altos e musculosos e os da região sudeste, são esbeltos. Mas todos tem cabelos ruivos e corpo coberto de pelos cor de ferrugem e suas maiores características são seus pés virados para trás e seus órgãos sexuais extremamente grandes (que herdaram do pai Kurupi) com o qual também abusam de humanos independente de serem homens ou mulheres. Segundo relatos, os Kurupira raramente matam um inocente. Eles só cometem os abusos e ficam com as pessoas como ‘mascotes’. Homens normalmente têm vergonha de relatar o ocorrido. Afirmam terem se perdido após passarem em baixo de uma planta chamada cipó-de-jaboti, à qual se atribui um esquecimento. Os Kurupira têm raiva de caçadores e madeireiros porque sua espécie entrou em guerra com os indígenas que estavam matando animais e queimando roças de forma descontrolada.
Os Kurupira costumam andar com um ou dois cacetes de madeira que usam para bater nos troncos das árvores. (versões contam que ele usa outro "tipo de pau" que não vou especificar). Fazem isso para se comunicar com os outros de sua espécie.
Para mais informações de registro, leiam #DiáriosÍndiosOsUrubuKaapor do #DarcyRibeiro

Ipupiara, os monstros das nascentes

Ypupiara são uma espécie de peixes anfíbios humanoides que nasceram da relação entre o demônio Jurupari e a tartaruga Jurará. A palavra Ypupiara não é um nome e sim um designação dessas criaturas onde YPU é nascente/fervedouro e PIARA significa ‘guardião’, ‘defensor’ ou ‘protetor’ formando assim “guardião da nascente”. Pois acreditava-se que eles viviam escondidos nas areias fervilhantes de sumidouros.
Contam as lendas que Jurupari botou cada um desses seus filhos em um riacho diferente para que capturasse pessoas desavisadas quando essas tentassem beber água nessas fontes.
O historiador e cronista português Pero de Magalhães Gandavo teria descrito a criatura como tendo "quinze palmos de comprido e semeado de cabelos pelo corpo, e no focinho tinha umas serdas muito grandes como bigodes.
Os registros sobre essas criaturas foram divulgados na Europa por naturalistas e Historiadores que vieram ao ‘novo mundo’ em busca de histórias com intuito de entretenimento das classes altas. Assim como os relatos sobre o Anyahgá/Anhangá, o Ypupiara terminou por influencias o imaginário de outros mitos como a forma daqueles que seriam os habitantes da lendária Atlântida. Em tempo mais recentes, foi base para a criação de filmes como ‘O Monstro da Lagoa Negra’ (1954) e ‘A Forma da Água (2017).

 

Capelobo, o lobisomem caçador de lobisomens

Ainda falando em ‘lobisomens’ na mitologia tupi-guarani, temos esse ser cuja origem está relacionada ao intercâmbio cultural entre os troncos tupi, Jê e Aruak. Seu no nome no idioma tupi se perdeu no tempo quando a influência do português criou no conhecimento popular os nomes de Capelobo, Lolô e Pé-de-garrafa. Uma teoria é que o nome originário de Capelobo tenha sido de uma palavra como kaaperuara (devorador da mata baixa) mais a palavra lobo do português dando alusão ao lobisomem. Também pode ser a junção proposital entre kaapéba (mata de porte baixo) com Lobo (do português mesmo) dando o significado de lobo das matas baixas.
Relatos afirmam que um capelobo surge quando uma pessoa fica tão velha perde que perde consciência de humanidade e passa a agir como uma fera. Suas unhas, dentes e pelos corporais crescem e a criatura adquire, segundo descrições, braços de tamanduá, pés com cascos de cavalo (cujas pegadas parecem fundo de garrafa) e cabeça semelhante à de tamanduá e anta. Essas criaturas surgiram a partir de uma maldição lançada por um pajé lendário chamado Sina’á para castigar outros pajés que considerava inimigos.
Capelobo é uma espécie de lobisomem eterno, ou seja, não volta a ser humano. Costuma aparecer logo que o sol se põe, mesmo com o céu iluminado por Aracema (a aurora vespertina) e corre pelas matas independente de qualquer lua. Porém, é durante a lua nova que gosta de atacar animais de criação como porcos, galinhas e cabras. Há casos onde filhotes de cães também foram carregados e devorados e não há quem duvide que ele possa devorar alguma criança caso tenha a oportunidade.
Em alguns relatos, ele é descrito como um inimigo de lobisomens porque é territorialista e também não aceita criaturas cuja forma é apenas uma transformação ‘breve e imperfeita’. Com isso, durante as luas cheias, estão sempre rondando as matas farejando possíveis feiticeiros praticando rituais de transformação para virarem lobos. Se houver um lobisomem rondando sua localidade, com certeza tem um capelobo perseguindo-o. Histórias antigas afirmam ter ouvido barulhos como de uma briga feroz entre duas bestas no meio da floresta. Eram as batalhar mortais entre um capelobo e um lobisomem.

 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Luison, o lobisomem injustiçado

Claro que o sétimo e último filho de Taúba e Kerana não poderia ser outra coisa senão um lobisomem, não é verdade?! O que o diferente dos lobisomens europeus é que ele tinha essa forma naturalmente e não por transformações durante a lua cheia.
O próprio nome Luison é derivado da palavra lobisomem. Modo que os falantes de Guarani pronunciam a palavra portuguesa. Seu nome original em Guarani foi perdido no tempo.
Ele é descrito como uma grande criatura meio-humana, meio-canina. Seu domínio são os cemitérios, nos quais ele anda à noite e se alimenta da carne dos mortos.
Originalmente, ele tinha forma mais humana mesmo sendo horripilante, com longos cabelos negros e pele pálida. Ele se dizia ser o prenúncio da morte e à medida que envelhecia, ficava cada vez mais parecido com um lobo. Várias vezes, guerreiros daquela região (sul do Brasil) tentaram mata-lo, mas ele era mais forte. Ele foi tão rechaçado por sua aparência que só se sentia bem quando sozinho em algum cemitério durante a noite. Apesar da força e violência, ele só atacava para se defender. Diferente dos lobisomens das lendas europeias.